Autor: Luís Augusto Carvalho
Sabemos que não é para todo mundo. O estudo Bridge, publicado em 2015 nos disse isso. Mas há algum subgrupo que mereça ponte de anticoagulação?
Antes de responder vamos lembrar a justificativa para fazer a ponte. Suponha que um paciente seu com FA usa varfarina e irá fazer uma cirurgia eletiva com risco significativo de sangramento Por um lado não queremos desprotegê-lo do risco de trombose, notadamente AVCi , mas por outro não podemos deixá-lo ir para a cirurgia anticoagulado. E então? Uma alternativa é suspender a varfarina e quando o INR estiver < 2 introduzir uma droga parenteral (enoxaparina ou HNF) que possuem meia vida mais curta. Desse modo, poucas horas antes da cirurgia, suspendemos a medicação e com isso minimizamos ambos os riscos: trombótico e isquêmico. Essa é a chamada terapia de ponte.
O Estudo Bridge publicado em 2015 na NEJM avaliou ocorrência de eventos embólicos arteriais e sangramento maior em 1884 pacientes portadores de FA que seriam submetidos a cirurgia eletiva, randomizados para realizar ou não terapia com ponte. Não houve diferença entre ocorrência de eventos tromboembólicos e o grupo que fez terapia com ponte teve maior incidência de sangramento maior.
Então não devemos prescrever para ninguém? Veja bem. Pacientes com prótese mecânica e evento embólico nos últimos 3 meses foram excluídos do estudo justamente por terem maior risco trombótico e por isso são candidatos a realizar ponte. Por também apresentarem maior risco trombótico, aqueles com CHADS mais elevado (aqueles com escores 5-6 foram subrepresentados no estudo) também são candidatos, juntamente com os portadores de doença valvar reumática. Outras características como presença de trombofilias e de trombo no VE devem ser levadas em consideração para uma adequada tomada de decisão.
Douketis, JD e cols. PerioperativeBridgingAnticoagulation
in Patientswith Atrial Fibrillation. n engl j med 373;9 nejm.org August 27, 2015.