O cateterismo cardíaco pode ter via de acesso radial e femoral. O radial é o mais indicado, devido ao seu menor risco de complicações, e principalmente no IAMCSST por mostrar que reduz até mortalidade.
Porém em algumas situações o acesso femoral é necessário, como em casos de estudo de pontes, por exemplo.
Assim, quando o acesso é femoral, o paciente sai do procedimento com o cateter introdutor, e este deve ser retirado 2 a 3 horas após a última dose de heparina não fracionada (HNF) endovenosa realizada, a HNF costuma ser necessária quando é realizada angioplastia.
Após a retirada do introdutor deve ser realizada compressão manual no local do acesso para hemostasia e formação do coágulo. O tempo de compressão varia conforme o calibre do cateter, sendo de 15 minutos para um cateter 4 french e 5 minutos a mais para cada french adicional (Ex.: 5 french – 20 minutos).
Após a compressão é necessário jejum e repouso absoluto de 6 horas em decúbito zero. E de preferência sem mobilizar o membro em questão.
Entendido isso, vamos as principais complicações:
1️ – Hematoma de parede abdominal:
Um grande hematoma no subcutâneo que pode levar a queda expressiva na hemoglobina, além disso pode levar a sintomas neurológicos por compressão dos nervos femoral e cutâneo lateral.
Aqui é necessária monitorização de hemograma e coagulograma e o tratamento é de suporte com reversão de coagulopatias, reposição volêmica e transfusões, se necessárias. É raro levar a instabilidade, caso ela aconteça, pensar em hematoma retroperitoneal.
2️ – Hematoma retroperitoneal:
A artéria ilíaca interna é profunda e mergulha na pelve sendo de difícil compressão, a ilíaca costuma ser a artéria puncionada quando a punção acontece acima do ligamento inguinal, essas punções têm uma chance 5 vezes maior de hematoma retroperitoneal.
Devemos suspeitar imediatamente dessa complicação quando o paciente apresentar dor lombar ou em flanco, hipotensão ou taquicardia sem melhora rápida com reposição volêmica.
A conduta quando há suspeita de hematoma retroperitoneal num paciente instável hemodinamicamente é de levá-lo imediatamente de volta para a hemodinâmica para tamponar o sangramento. Injeta-se contraste na femoral contralateral para o diagnóstico e o tratamento é com balonamento e em alguns casos angioplastia ou cirurgia. Acionar a cirurgia vascular para possível abordagem também pode ser necessário. Não subestime essa complicação, ela é grave e potencialmente fatal.
3️ – Pseudoaneurisma e fístula arteriovenosa:
O risco é maior quando a punção é muito baixa no nível da artéria femoral superficial. Devemos auscultar a artéria femoral de todos os pacientes e a presença de sopro ou de massa palpável deve levar a suspeita dessas complicações.
O diagnóstico pode ser confirmado com um simples ultrassom doppler vascular a beira-leito.
4️ – Isquemia do membro:
Pode estar relacionada a própria presença do introdutor, principalmente em paciente com DAOP prévia, sendo assim, a primeira conduta é retirar o introdutor.
Se a isquemia do membro não for prontamente corrigida com essa retirada deve ser suspeitada a ocorrência de tromboembolismo ou dissecção.
Referência: Practical Cardiovascular Medicine, 2017. Elias B Hanna.